Histórias de vampiros se tornaram populares no século XIX, embora sejam descritas em diversas culturas a milhares de anos. O auge da figura vampiresca surgiu em 1897 quando o irlandês Bram Stoker escrever o livro ‘Drácula’ (até hoje a melhor história de vampiros, e maior obra da literatura de terror). Já no cinema filmes de vampiros começaram a ser produzidos em 1909, com o filme ‘Vampire of the Coast’. Na década seguinte, diversas produções foram feitas, entre elas ‘The Vampire’ (1913), ‘Vampires os the Night’ (1914) e ‘The Kiss of Vampire’ (1916). Porem filmes de vampiros se tornaram populares a partir de 1922, quando o alemão F.W. Murnau fez o filme Nosferatu, inspirado na obra de Bram Stoker. Daí pra frente muitos outros filmes de vampiros foram feitos, inclusive passando por vários gêneros. Clássicos do terror, Dramas, filmes melancólicos, e até mesmo comédias. Já os mais recentes em sua maioria são romances adolescentes, que levou a uma queda drástica na qualidade dos filmes. Aqui você confere uma lista com os 10 melhores filmes de vampiros já feitos. Vale lembrar que a lista usa como critério apenas o meu gosto pessoal, e assim não tem qualquer intenção de ser uma verdade absoluta. Confira:
Um Drink No inferno (Robert Rodriguez, EUA, 1996). O filme tem duas partes bem distintas. Na primeira metade, um filme policial, onde dois irmãos criminosos sequestram um pastor e seu casal de filhos, e seguem todos juntos em uma fuga para o México. Na segunda metade o filme muda completamente de rumo (se tornando uma mistura de filme trash com sátira a filmes de terror). Nesta segunda parte somos surpreendidos com a aparição de vampiros. Daí então os protagonistas deixam de ser criminosos e mocinhos, e se unem para tentar salvar suas vidas. Grande elenco com George Clooney, Harvey Keitel, Quentin Tarantino (também roteirista do filme) e Juliette Lewis. Destaque para o final de cada protagonista, bem diferente do que estamos acostumados a ver. Um drink no inferno tem muita sensualidade e muitas cenas bizarras (como a horrorosa aparência dos vampiros), bem ao estilo Robert Rodriguez.
Sede de sangue (Chan-Wook Park, Coréia do Sul, 2009). O sul coreano Chan-Wook Park se tornou um dos nomes mais cultuados do cinema em 2004, quando seu filme Oldboy venceu o grande prêmio do júri no festival de Cannes. Após os filmes sobre vingança (Mr. Vingança, Oldboy e Lady vingança), o diretor fez uso dos vampiros para falar sobre perda de fé. Sede de sangue mostra um padre que após ser voluntário de testes para o desenvolvimento de vacinas é infectado por um vírus e se torna vampiro. A partir de então ele fica dividido entre sua fé e sua sede por sangue. Um dos grandes méritos do filme é passar por diversos gêneros sem que isso afete a trama. Em sede de sangue passamos pelo drama, por romance, suspense, ação e por cenas eróticas. O cinema sul coreano está em grande crescimento, e merece ser observado.
Fome de viver (Tony Scott, EUA, 1983). Estrelado por Catherine Deneuve, David Bowie e Susan Sarandon. O filme tem uma fotografia bem escura (com a cor azul em destaque em diversos momentos), contribuindo para o tom melancólico dos vampiros no filme (ou melhor, da vampira e de seus amantes). Isto por que após a gloria dos anos com força e aparência jovem, os vampiros passam pelo sofrimento eterno. Destaque para brilhante cena inicial em uma boate gótica, cheia de cortes rápidos, citando o lendário ator Bela Lugosi, e para a ótima trilha sonora. Com esse clima obscuro o filme se tornou um clássico para a cena gótica.
Garotos Perdidos (Joel Schumacher, EUA, 1987). O primeiro filme de vampiros que assisti não poderia ficar fora da lista. Garotos perdidos é um dos maiores filmes juvenis de todos os tempos, marco na infância de muitas pessoas que cresceram nos anos 90, por ser um clássico da sessão da tarde. Dois irmãos se mudam com sua mãe para uma nova cidade, conhecida como a capital dos homicídios. Enquanto um é levado a se tornar vampiro, o outro se junta aos caça vampiros da cidade. Embora de lados opostos, eles continuam sendo irmãos. Muita aventura, e uma ótima trilha sonora. Destaque ainda para a participação dos personagens coadjuvantes, como os irmãos Frog (os atrapalhados caçadores de vampiros). O filme teve sequências, porem ficaram muito abaixo do original.
Nosferatu (F.W. Murnau, Alemanha, 1922). Um dos melhores filmes do cinema mudo, clássico do expressionismo alemão, Nosferatu popularizou os vampiros no cinema. Murnau usou todo o seu talento com técnicas avançadas para a época, deixando a figura do vampiro mais assustadora. O uso da sombra em especial neste filme é perfeito. Ao contrario da maioria dos filmes de vampiros, que os mostram como seres dotados de muita beleza, em Nosferatu o vampiro tem uma aparência feia, digna de pena. Nosferatu teve problemas com direitos autorais na época de seu lançamento, por se inspirar na obra de Bram Stoker sem autorização. Graças a algumas cópias que sobraram na época o filme sobreviveu, e hoje faz parte do domínio público, sendo uma das obras mais importantes do cinema.
Drácula (Tod Browning, EUA, 1931). Filme que lançou ao estrelato o maior de todos os atores de filmes de vampiros, o húngaro Bela Lugosi. A grande marca do filme é a luz nos olhos do conde Drácula sempre que este aparece, deixando escuro todo o resto da cena, e assim o tornando mais horripilante. O filme passou por diversos problemas financeiros na época de seu lançamento, e com isso nem mesmo teve trilha sonora original, que acabou sendo incluída no filme apenas em 1998. Além disso, muitas cenas planejadas não foram filmadas, o que deixou o filme mais curto do que se pretendia. Curiosamente Bela Lugosi não estava entre os primeiros nomes que os produtores queriam para interpretar Drácula. Ele acabou ficando com o papel apenas por ter aceitado ganhar um valor muito abaixo do que se pagava aos protagonistas na época. Sorte do cinema.
O vampiro da noite (Terence Fisher, EUA, 1958). De todos os filmes (e são muitos) baseados na obra de Bram Stoker que modificaram a trama original, esse certamente foi o que realizou um melhor trabalho. A inversão de alguns fatos ocorridos com Mina e Lucy, além do foco maior em Van Helsing, e menor e Jonathan Harker deram um dinamismo necessário para um filme com menos de 90 minutos. Dessa forma, os vários cortes na trama original não atrapalharam o filme. Christopher Lee, na época em início de carreira, interpretou perfeitamente o conde Drácula, sendo ele um dos melhores atores a dar vida a este lendário personagem.
Deixa ela entrar (Tomas Alfredson, Suécia, 2008). Quando as histórias de vampiros pareciam condenadas a serem apenas romances adolescentes, eis que surge na Suécia esse filme brilhante. De todos os filmes desta lista, talvez este seja o mais original. Oskar é um menino solitário que sofre Bullying na escola. Ao conhecer sua vizinha Eli, vê nela a companhia que nunca teve. Porem a “menina” é na verdade um vampiro. O filme mostra simultaneamente o sofrimento de Oskar na escola, e a caçada de Eli por alimento. Embora tenha um tom dramático, Deixa ela Entrar tem acima de tudo uma linda história, onde dois solitários encontram na companhia um do outro o conforto para suas existências.
Entrevista com o Vampiro (Neil Jordan, EUA, 1994). Filme baseado na obra de Anne Rice, uma das grandes escritoras de livros sobre vampiros. É uma das primeiras obras a mostrar vampiros que se consideram monstros e não querem matar humanos. O que mais me chama a atenção neste filme é a aula de adaptação de livro para filme. Diversas alterações foram feitas para a versão cinematográfica. Porem, essa nova trama não é melhor nem pior que a versão do livro. O filme é perfeito como filme. O livro é perfeito como livro. Isso se deve ao fato de a roteirista do filme ser a própria escritora do livro: Anne Rice. Ela foi perfeita nas mudanças que fez. Somado a isso temos um grande elenco (Tom Cruise, Brad Pitt, Antonio Banderas, Christian Slater e Kirsten Dunst), tornando este um dos melhores filmes do gênero.
Drácula de Bram Stoker (Francis Ford Coppola, EUA, 1992). Este filme foi feito para ser o melhor filme de vampiros. Primeiro, fez o que ninguém mais havia feito, ser extremamente fiel a obra de Bram Stoker (com exceção de uma pequena alteração no final, livro e filmes são praticamente idênticos). Some a isso o fato de o filme ser dirigido por ninguém menos que Francis Ford Coppola, um dos maiores diretores de todos os tempos, que fez entre outros a trilogia de O Poderoso Chefão e Apocalypse Now. Além disso, o elenco cheio de estrelas, com Gary Oldman (Dracula), Winona Ryder (Mina), Anthony Hopkins (Van Helsing) e Keanu Reaves (Jonathan Harker). É um dos poucos filmes a se preocupar em mostrar como surgiram os vampiros. Além disso, o destaque para o amor amaldiçoado dos vampiros foi abordado perfeitamente (de forma dramática). Como diz a frase no cartaz do filme, “Love Never Dies”. Bram Stoker ficaria orgulhoso de ver.