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BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE\ / BATMAN: The Dark Knight rises



Ele ainda está no escuro. Parado na chuva. Observando. Vigiando.
Logo depois de sair do cinema, eu digo a um amigo que penso em escrever um artigo sobre o filme, mas não sei bem se devo, porque já existem tantos outros ótimos blogs e sites fazendo isso… o que eu posso dizer que já não tenha sido dito?
E ele me respondeu: “O que nenhum deles tem. A SUA opinião. Vai lá e escreve no estilo SANTUÁRIO”!
Meus agradecimentos a Rodrigo Pires da Fonte. Esse artigo só existe por sua causa!
AVISO 1: Contém spoilers!
AVISO 2: Sim, esse artigo foi escrito à moda SANTUÁRIO!
Por Rodrigo Garrit


Eu acredito em Christopher Nolan.
E o que eu posso dizer sobre a minha experiência pessoal ao assistir o filme Batman O Cavaleiro das Trevas Ressurge?
O filme não é feito para agradar os fãs do Batman dos quadrinhos, ou pelo menos, não está preocupado com isso, mas agrada assim mesmo. Trata-se de um enorme remendo de grandes HQs do personagem, desde “Batman: O Cavaleiro das Trevas” de Frank Miller, passando por “Batman: O Longo dia das Bruxas” de Jeph Loeb e Tim Sale, até inevitavelmente a saga “A Queda do Morcego”, com toques também de outras sagas como “Terremoto” e “Terra de Ninguém”, além de possivelmente muitas outras referências. Então, pode-se dizer que o filme não é 100% original… mas ao misturar esses elementos, os diretor Christopher Nolan conseguiu criar algo diferente, bebendo da fonte de algumas das melhores histórias já feitas com o personagem. De fato, a trilogia pode ser entendida como uma única obra fechada, com todos os elementos de seu universo sendo relembrados ou ressurgindo quando menos se espera.

Considerando-se que os principais vilões dos filmes anteriores foram Ras Al Ghul e o Coringa, dois dos piores e mais temíveis inimigos já criados para o Homem Morcego, a inclusão de Bane neste último capítulo da trilogia tinha tudo para dar errado. Claro, Bane é um grande vilão, e foi importantíssimo durante a saga “A Queda do Morcego”. E, durante toda a HQ, é inegável a importância dele, o abalo que causou no universo do Batman, sendo lembrado ainda depois de todos esses anos. Mas essa foi sua maior vitória e também seu maior revés, pois depois disso, ele foi perdendo a relevância, tornando-se um personagem cada vez mais sem espaço nas histórias, claro, houveram algumas tentativas de trazê-lo de volta em grande estilo, mas ele nunca mais voltou a ser o mesmo Bane, aquele que “quebrou” o Batman. Pelo menos nos quadrinhos, porque apesar de tudo, ele voltou nesse filme com todo aquele ar de vilão de primeira categoria que já teve… um inimigo a quem se deve ter medo, de verdade.

A trama começa oito anos depois do eventos mostrados no filme anterior. Depois da morte de Harvey Dent, vulgo Duas Caras, Gotham vive uma aparente paz em suas ruas, idolatrando Dent como herói e colocando Batman como um criminoso que teria sido responsável por sua morte. Mas com a chegada de Bane, as coisas começam a mudar, e ele vai forçar a verdade a sair de seu esconderijo e esfrega-la na cara de todos os cidadãos da cidade. E a vinda de Bane fecha um ciclo, iniciado por Ras Al Ghul lá no primeiro filme, “Batman Begins”. Para quem não lembra, Ras pretendia destruir a cidade.
A forma como a origem do Bane dos quadrinhos é alterada para relacioná-lo ao Ras ficou fantástica. E a história se fecha com uma trama que se encaixa perfeitamente, do começo ao fim… exceto por uma ou outra explicação não muito convincente que é apresentada, como por exemplo o motivo de Bane usar aquela máscara… que não é nem de longe o mesmo dos quadrinhos. Está mais para uma questão médica, mas imagino que pudesse existir outra forma de tratamento para ele, a menos que ele seja um caso único na medicina. Outra coisa que ficou meio estranha foi o modo como o policial John Blake descobriu que Bruce era o Batman. Tudo bem, eu admito que foi quase uma “licença poética”, e necessária para o desenrolar da trama… Nolan faz o filme de forma muito realista, dentro do possível, o tempo todo, então algumas explicações tem mesmo que ter essa “licença” para que a gente assista a um filme do Batman, a um filme de super-herói… e não mais um filme policial. Por isso, essa e outras explicações ou falta delas são totalmente perdoáveis.

A Mulher Gato é perfeita, e rouba a cena todas as vezes que aparece. Ainda amo a Michelle Pfeiffer, mas Anne Hathaway conseguiu superá-la. Não vou nem incluir Halle Berry nessa comparação, porque a Mulher Gato que ela fez não tem nada a ver com o universo do Batman. Algumas da sequencias de Selina com Bruce lembram muito umas coisas que eles viveram nos quadrinhos, como no momento em que ele a flagra roubando seu cofre e a dança deles no baile… quem leu “O Longo Dia das Bruxas”, sabe do que estou falando.
Em entrevistas, o diretor Christopher Nolan disse que a Mulher Gato merecia um filme só dela. Com Anne Hathaway no papel, eu seria o primeiro da fila.

Eu, pessoalmente, me surpreendi com a presença da personagem Tália no filme, até porque fiz questão de assistir sem ler praticamente nada que vinha saindo sobre ele, e evitando ao máximo os spoilers. Fora essa grata surpresa, o desenvolvimento da personagem deixou a desejar… suas motivações e o tempo que levou para colocar em prática seus planos… sem falar da forma como fez, ficaram meio sem sentido… mas aí a gente entra naquela coisa da licença poética que comentei anteriormente… claro que se puxar esse fio, posso chegar em várias incongruências, mas o fato é que o panorama geral do filme é tão bem construído, que eu simplesmente não quero puxar o tal do fio… Tália poderia ser muito melhor aproveitada… e a atriz Marion Cotillard já atuou infinitamente melhor em outros filmes, como em “Piaf” por exemplo, onde esbanja talento. Mas foi bom tê-la, por ter aproximado ainda mais o Batman do Nolan do Batman dos quadrinhos.
Com a aparição de Jonathan Crane, o Espantalho, fica subentendido que o Asilo Arkham foi aberto, assim como a prisão Blackgate, e todos os seus internos soltos. O Coringa teria tido importância magistral nesse filme, e imagino que tipo de cenas antológicas poderiam ter sido produzidas com ele no meio daquela “Terra de Ninguém”. Mas infelizmente com a morte do ator Heath Ledger, Nolan evitou até mesmo mencionar o palhaço do crime, em respeito a sua memória. É o tipo de situação contra a qual não se pode lutar… apenas seguir em frente e fazer o melhor que puder.

Michael Caine e Morgan Freeman voltam aos seus respectivos papéis de Alfred e Lucius Fox. E não são meros coadjuvantes preenchendo a decoração. A participação de ambos é importantíssima, em duas áreas diferentes do Batman: seu coração e sua força. Lucius tenta manter o arsenal do morcego em segurança, assim como os grandes segredos bélicos da Waynetech. E Alfred mantém a alma de Bruce inteira, mesmo depois das piores provações. Michael Caine consegue te emocionar, a ponto de você querer entrar na tela e dar um abraço nele!
Outro ponto forte foi a utilização do personagem de Joseph Gordon Levitt, que interpreta o policial John Blake. Ele funciona muito bem como o símbolo da chama esquecida por Bruce, interessado em trazer a verdade e fazer a justiça. Ele se mostra um ótimo detetive e logo ganha a simpatia do comissário Gordon. Alias, sua interação com o comissário é fantástica, e sua conversa com Bruce, algo memorável. Se esse já não fosse o filme do Batman, John poderia ser o protagonista. Quem sabe ele ainda não seja?

O fim do filme é subjetivo e não deixa claro o que aconteceu, apenas sugere, e deixa a cargo do expectador imaginar qual foi o destino final do Cavaleito das Trevas. Ele realmente morreu e deixou um sucessor? Ele está vivo, aposentado e feliz? Então, porque forjar a morte de Bruce Wayne? Ele e Selina usaram o programa “Ficha Limpa” e desaparecem de todos os bancos de dados do planeta, para recomeçar… juntos?
Eu tenho a minha opinião sobre o destino do Batman.
Releia a primeira frase desse artigo e descubra qual é.

Christopher Nolan, o diretor.

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